sexta-feira, 23 de abril de 2010

Intolerância

Ontem fui assistir uma peça chamada Intolerância, da Companhia do Escândalo.
A peça conta o drama de um motorista que atropela acidentalmente um motoqueiro, e acaba atirando e matando-o. Quatro atores, dois homens e duas mulheres, interpretam, juntos, o motorista. E vão então se revezando para interpretar outros personagens e lembranças, como o motoqueiro, que aparece a toda hora.

Eu estava morrendo de dor de cabeça quando cheguei ao Centro Cultural, que estava cheio - o que é bom e ruim. Ruim principalmente porque tem sempre aquela pessoa inconveniente que não conhece e não respeita o teatro e está lá sabe-se lá por quê. Mais do que um, no caso.
Não demorou para algumas pessoas começarem a rir e FALAR durante o espetáculo. E gente falando 'sshhhh', que não adiantava muito.
No meio do espetáculo eu já estava com vontade de mandar calarem a boca, mas como eu sou uma pessoa tolerante... Alguém mais corajosa do que eu falou "Faz silêncio aí!" enquanto eu só colocava a mão na cabeça e xingava baixinho quando algum idiota fazia uma "piada" fora de hora.
Uma cena de beijo e um... vamos dizer, retardado, fica se oferendo para tomar lugar no beijo. Os atores se abraçando e o mesmo, ou não, retardado, fica gritando lá do fundo "Tá faltando eu aí!"
Sem contar o cara do meu lado que ria demais para o meu gosto e ficava olhando pra mim, esperando que eu tivesse a mesma reação que ele.
Sério, foi tenso.

E se alguém quiser saber se a peça foi boa, não pergunte. Se não fosse boa eu não escreveria sobre ela.
E se eu quisesse falar apenas dos inconvenientes do público eu nem diria o nome da peça. Acontece nas melhores peças.
Tem que ser mais do que boa para tirar o meu sono. Eu deveria estar dormindo ao invés de escrevendo.

P.s.: Eu estava morrendo de dor de cabeça e já tinha me deitado. Então comecei a pensar na peça. E os pensamentos estavam organizados em uma espécie de roteiro. E eu pensei "Ah, droga! Vou ter que escrever." - na verdade eu gosto quando isso acontece, o ruim é que eu tenho que dormir e não consigo. Eu não podia me recusar, pois sabia que me arrependeria. Fui dormir quase 2 da manhã. Fazia movimentos circulares com a ponta dos dedos, pressionando as laterais do meu crânio.
Os melhores textos e pensamentos só vêm quando eu realmente tenho que dormir. Será que eu não poderia pensar em um horário mais apropriado?
Na peça, certamente não. O pensamento está bem mais fresco quando eu acabo de assistir.
E, como eu disse, tem que ser mais do que boa para tirar o meu sono e me fazer escrever assim.
Embora eu às vezes pense demais.

5 comentários:

  1. Nossa, Karol, você escreveu muito bem! Parabéns!
    E quanto a esses idiotas inconvenientes, não há muito o que fazer. Sempre vai ter um...

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  2. Bacana seu blog...cheio de referências literárias, além de inteligente!!

    É isso aí, ariana!!!

    Bj.

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  3. ah...fui eu, Glauter, quem escreveu este último comentário...rs

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