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quinta-feira, 29 de abril de 2010

Intolerância II

Primeiro, a parte ruim: pessoas inconvenientes, para dizer o mínimo, que não respeitam o atores que trabalharam duro para fazer o espetáculo, e as pessoas que realmente queriam assistir. (que eu já escrevi).
Agora, a parte boa:
Eu não estava com dor de cabeça enquanto assistia à peça. Ela só voltou quando eu fui embora.
Tocou a música Du Hast, de uma banda alemã chamada Ramsteinn. E eu fiquei supercuriosa para saber de quem foi a ideia, porque não é uma banda muito conhecida por aqui. Então, no final da peça eu pensei "Tem que ter bate-papo. Se não tiver eu vou ter que pedir."
E, para minha sorte, depois que os atores agradeceram, um deles explicou que haveria uma conversa elenco-plateia dali há 5 minutos, para nós bebermos água, e eles poderem tirar a maquiagem, etc.
Um ator chegou primeiro e começou a falar sobre a história da peça, o porquê da escolha do tema, o processo de composição, etc. E aí ele perguntou pra gente o que a gente entendeu da peça. Uma mulher falou: "Fala sobre a violência no trânsito". Tá, isso é bem óbvio. Então eu completei dizendo "não só a violência no trânsito, mas na escola, no trabalho..."
Eu estava com vontade de falar, às vezes eu fico com vergonha. Outras, a peça é muito boa e eu quero falar, mas não sei o quê. Já aconteceu de eu gostar mais do bate-papo do que da própria peça -  só não me pergunte agora qual foi. É muito boa essa interação público-elenco, esclarece vários pontos.
Enfim, eu participei do bate-papo. E à medida que as pessoas iam falando eu lembrava de outras coisas e queria comentar.
Então eu lembrei da crônica Questão de Classe, da Lucia Sauerbronn (hm, nome alemão também). Em que ela diz que xingou um cara que a fechou no trânsito - o xingamento fazia parte de uma espécie de tratamento - e que ao invés de alívio sentiu vergonha. Foi então consultar o dicionário para garantir seu "direito de chutar o balde". E na vez seguinte respondeu com um "Filho espúrio de mulher devassa! Seu dejeto fecal! Vá para o regaço daquela senhora de passado duvidoso que o expeliu do útero!". E que o melhor era ver a cara de espanto do mal educado pensando o que, afinal de contas, ela quis dizer com tudo aquilo. - Eu contei isso para os atores e o público presente na conversa.
O melhor foi o final:
Quando a conversa acabou, eu saí pela porta lateral, para beber água, e uma das atrizes estava saindo também. Ela olhou para mim sorrindo, e eu retribuí. Ela não me disse nada, mas quem faz Teatro sabe o que é falar com o olhar. E o que ela disse foi "Obrigada por vir. Você é o tipo de público que eu esperava." (participativa, que dá sua opinião)
Quando eu voltei um dos atores pegou minha mão e disse "Adorei o texto do regaço - decorou bem, hã." "É, eu li muito". Os outros dois atores ainda estavam no palco e eu os cumprimentei e os parabenizei.
Gostaria de saber o nome deles. Afinal, eles me deram trabalho ;-)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Intolerância

Ontem fui assistir uma peça chamada Intolerância, da Companhia do Escândalo.
A peça conta o drama de um motorista que atropela acidentalmente um motoqueiro, e acaba atirando e matando-o. Quatro atores, dois homens e duas mulheres, interpretam, juntos, o motorista. E vão então se revezando para interpretar outros personagens e lembranças, como o motoqueiro, que aparece a toda hora.

Eu estava morrendo de dor de cabeça quando cheguei ao Centro Cultural, que estava cheio - o que é bom e ruim. Ruim principalmente porque tem sempre aquela pessoa inconveniente que não conhece e não respeita o teatro e está lá sabe-se lá por quê. Mais do que um, no caso.
Não demorou para algumas pessoas começarem a rir e FALAR durante o espetáculo. E gente falando 'sshhhh', que não adiantava muito.
No meio do espetáculo eu já estava com vontade de mandar calarem a boca, mas como eu sou uma pessoa tolerante... Alguém mais corajosa do que eu falou "Faz silêncio aí!" enquanto eu só colocava a mão na cabeça e xingava baixinho quando algum idiota fazia uma "piada" fora de hora.
Uma cena de beijo e um... vamos dizer, retardado, fica se oferendo para tomar lugar no beijo. Os atores se abraçando e o mesmo, ou não, retardado, fica gritando lá do fundo "Tá faltando eu aí!"
Sem contar o cara do meu lado que ria demais para o meu gosto e ficava olhando pra mim, esperando que eu tivesse a mesma reação que ele.
Sério, foi tenso.

E se alguém quiser saber se a peça foi boa, não pergunte. Se não fosse boa eu não escreveria sobre ela.
E se eu quisesse falar apenas dos inconvenientes do público eu nem diria o nome da peça. Acontece nas melhores peças.
Tem que ser mais do que boa para tirar o meu sono. Eu deveria estar dormindo ao invés de escrevendo.

P.s.: Eu estava morrendo de dor de cabeça e já tinha me deitado. Então comecei a pensar na peça. E os pensamentos estavam organizados em uma espécie de roteiro. E eu pensei "Ah, droga! Vou ter que escrever." - na verdade eu gosto quando isso acontece, o ruim é que eu tenho que dormir e não consigo. Eu não podia me recusar, pois sabia que me arrependeria. Fui dormir quase 2 da manhã. Fazia movimentos circulares com a ponta dos dedos, pressionando as laterais do meu crânio.
Os melhores textos e pensamentos só vêm quando eu realmente tenho que dormir. Será que eu não poderia pensar em um horário mais apropriado?
Na peça, certamente não. O pensamento está bem mais fresco quando eu acabo de assistir.
E, como eu disse, tem que ser mais do que boa para tirar o meu sono e me fazer escrever assim.
Embora eu às vezes pense demais.