quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ele viu meu rosto no escuro (por mais que eu tentasse escondê-lo com os cabelos) e percebeu que algo estava errado.
"Tá tudo bem?" perguntou.
Fiquei calada. Não podia e não queria mentir. Ele esperou. Eu balancei levemente a cabeça. "O que foi?" Novamente, eu não queria mentir. É tanta coisa... E não é só por hoje, embora o que eu tenha ouvido tenha sido bastante forte. E, ao invés de "nada", falei "tudo", bem baixinho, um pouco mais verdadeiro.
"Você quer falar?"
"Não" - murmurei.
"Depois você quer?"
"Não sei."
Ele esperou um momento e perguntou: "Não é nada físico, é?"
"Não" - definitivamente, não era físico.
"Amanhã a gente conversa... Boa noite"
"Boa noite."
No dia seguinte, não houve tempo para conversarmos. Melhor assim.