terça-feira, 13 de abril de 2010

As memórias do livro

Mais uma história incrível que eu tenho em mãos.(ops, mais de uma história)
Histórias interligadas, girando ao redor de um único livro. Personagens arriscando suas vidas para salvar um raro e lendário manuscrito judeu da fogueira, ou de coisa pior... como as mãos de um nazista.
Sobrevivendo a séculos de anti-semitismo na Europa e à censura da própria cultura judaica.



Para desvendar os mistérios da Hagadá de Sarajevo, Hanna Heath, uma australiana conservadora de manuscritos antigos é convidada para analisar o manuscrito.
Enquanto examina as páginas do pequeno volume, Hanna encontra minúsculas pistas da história do livro e os lugares por onde ele passou. Pistas como um pequeno fragmento de asa de inseto, manchas de vinho, ou até mesmo alguns poucos cristais de sal.
Cada uma dessas pequenas pistas nos dá uma história. Uma mais incrível que a outra. Cada uma delas, maravilhosa por si só, já daria um livro. Mas temos todas elas em um só - uma dádiva.

Passagens do livro:

 "Como estudioso, ele tinha uma reverência inata por livros. Precisou, contudo, subjugá-la, quando sua missão passou a ser a de destruí-los."

"-Dom Vistorini, eu lhe imploro. Por qualquer ato de bondade que eu lhe tenha demonstrado no passado, pelos muitos anos que nos conhecemos. Por favor, poupe este livro. Eu sei que você é um homem culto, um homem que respeita a beleza. Você vê como o livro é belo...
-Maior motivo ainda para queimá-lo. Essa beleza poderá, um dia, seduzir algum cristão incauto a ver com bons olhos a sua repreensível fé judaica."*


"Ela não tinha arma, exceto a granada que os partidários eram obrigados a carregar no cinto.
-Se você estiver prestes a ser capturada, use-a para se matar e matar o maior número de inimigos que puder - Branko tinha dito. - Sob hipótese alguma, se deixe ser levada viva. Use a granada, e assim não será forçada por meio de tortura a nos trair."

"Vocês se convencem de que podem tapear a morte, e se sentem absolutamente ofendidos quando descobrem que não podem. Vocês ficam sentados em seus apartamentos confortáveis e assistem à guerra, e nos vêem sangrando, pela televisão. E pensam: "Que horror!", e depois se levantam e tomam outra xícara de café expresso."

"A princípio, quando cheguei aqui, sentia vergonha de minha escravidão nas mãos de um judeu. Mas agora minha única vergonha é a escravidão. E foi o próprio judeu que me ensinou a sentir tal coisa."

"Eu queria dizer "não dessa forma". Queria dizer: "dê-me mais alguns dias, mais algumas noites com você". Mas ela já tinha me dado as costas, e eu conhecia a força de sua vontade. Ela não voltaria atrás."

"Casei-me com ele. Não me pergunte por quê. Eu era uma garota tola. Mas, quando você não tem mais ninguém, ninguém que se lembra de você, qualquer pessoa com quem você partilhou uma experiência se torna alguém especial."

"Com minha mãe, a qualidade do vinho é um indício da gravidade da conversa.
Aquela, eu sabia, seria megagrave.
Ela já tinha me dito, na cama do hospital em Boston, que queria que eu mantivesse em segredo minha paternidade. Achei que estava louca. Quem se importaria com a pessoa com quem ela tinha ido para a cama tantos anos atrás? Mas ela me pediu para eu considerar sua posição, e eu considerei."


*eu fiquei com tanto ódio desse padre que fiquei inspirada para escrever um texto, Fé vs. Religião (post. 23/fevereiro).
Maldito padre bebedor de vinho!


Um comentário:

  1. Aahh, amei seu texto! E as passagens do livro realmente são muito lindas! *-*

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