sexta-feira, 4 de junho de 2010

Entre muros e pontes

Eu sei que, no fundo, ela é uma pessoa frágil e sensível demais. Mas, para se defender, ela usa de agressividade. Ela age de maneira insuportável com aqueles para quem ela deveria ser a pessoa mais amável do mundo. Mas essa é a vida dela, e não vou seguir seu exemplo.
Ela, ao invés de pontes, construiu muros ao seu redor. Passou tanto tempo construindo seus muros que eles estão cada vez mais difíceis de se quebrar.
Eu tentei quebrá-los com um pequeno martelo que eu pensava ser mágico, mas ela não quis me ajudar - não quis minha ajuda. Seus muros são muito grandes e grossos, e eu sou pequena demais para conseguir quebrá-los sozinha.
Eu queria poder tirá-la de seu castelo feudal, e que ela pegasse minha mão, para passearmos pelas pontes que eu construí. Para eu poder mostrar a ela os lugares maravilhosos que conheci através dessas pontes.
Mas para isso seria preciso que ela quisesse. E ela não quer. Já tentei convencê-la de forma sutil. Mas ela tem medo. Medo do mundo, do que há lá fora - fora de seus muros. Medo do desconhecido.
Por isso, então, ela prefere continuar vivendo em sua prisão. A prisão que ela construiu para si.
Sem mais o que fazer, eu dou meia-volta e avanço sozinha pelas minhas pontes, encontrando novas companhias pelo caminho.
Minhas pontes vão cada vez mais para longe dela.

2 comentários:

  1. Seria bom se as pontes pudessem galgar os muros.

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  2. Karol,esse texto é muito lindo! Um pouco depressivo, mas muito lindo! Afinal, as coisas mais belas são também as mais tristes...

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