Várias vezes, ao ler um livro, eu senti como se o autor
pudesse me observar, ver as minhas reações ao ler suas palavras, saber o que eu
sinto, o que eu penso. Era como se um pedacinho do autor estivesse em cada
exemplar de seus livros, e ele pudesse nos observar, nos conhecer. Seria uma troca justa, porque eu vejo um
pouco dele, mas ele não vê nada de mim, simplesmente não me conhece. E muitas
vezes eu gostaria que houvesse essa troca.
Isso só mudou quando eu li o livro publicado do meu ex-professor,
Leôncio Benedito de Souza. Às vezes, ao
mudar de página, eu me deparava com a foto dele na orelha do livro, e me
lembrava dessa sensação. E era muito estranho porque eu o conheço e ele me
conhece. Quer dizer, ele existe, é real, ele é uma pessoa, assim como eu... mas
com um livro publicado.
E eu pensava “Eu sei que ele não está me vendo.
Não pode estar em vários lugares ao mesmo tempo. Ele tem uma vida, e neste exato momento pode estar em
qualquer lugar, longe daqui”